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QUINTA SESSÃO CineDoc


Em nossa quinta sessão CineDoc assistimos ao Filme XXY de Lucia Puenzo
Trailer: XXY
 
 
1º Texto de apoio para temática de redação ENEM:
 
"A discussão acerca das desigualdades entre homens e mulheres, como sabemos, não é recente, muito pelo contrário: dos gregos antigos até bem pouco tempo atrás, acreditávamos que a mulher era um ser inferior na escala metafísica que dividia os seres humanos, e, por isso, os homens detinham o direito de exercer uma vida pública. Às mulheres, sempre foi reservado um lugar de menor destaque, seus direitos e seus deveres estavam sempre voltados para a criação dos filhos e os cuidados do lar, portanto, para a vida privada, e, durante o século das luzes, quem julgasse se apossar da igualdade estabelecida pela Revolução Francesa para galgar espaços na vida pública teria como destino a morte certa na guilhotina. Muitas mulheres que tentaram reivindicar seus direitos de cidadania tiveram esse destino.

Olympe de Gouges foi o mais perfeito exemplo de que a igualdade à qual os franceses se referiam era uma igualdade para bem poucos, para dizer a verdade, a igualdade era apenas destinada aos homens da classe burguesa. Olympe era escritora, feminista atuante e revolucionária na França nos tempos da Revolução, chegando a ter seu direito de fala silenciado ao publicar, em 1789, Os Direitos da Mulher e da Cidadã, no qual reivindicava a abolição do jugo masculino sobre o feminino. Resultado: em 03 de novembro de 1793, a escritora foi guilhotinada, acusada de querer igualar-se ao homem, traindo a sua condição de mulher (Aragão, 2001). O mesmo ocorreu com a atriz Claire Lacombe, atriz da comédie française, líder popular e organizadora da Sociedade das Mulheres Revolucionárias.

Desse modo, percebemos que a igualdade alardeada por tal Revolução não se estendia às mulheres. Ela era de natureza jurídica, e não socioeconômica. Aliás, a revolução em nada permitiu ou contribuiu para um emparelhamento dos direitos legais, jurídicos, políticos ou sociais entre homens e mulheres. Como seria possível sustentar a hierarquia entre o homem e a mulher se o que estava em questão era justamente a igualdade de direito entre os cidadãos? Se homens e mulheres deveriam ser iguais diante da lei, deveriam ter acesso às mesmas posições sociais, e, se as mulheres tivessem acesso à mesma educação que os homens, elas poderiam ter acesso às mesmas posições que estes no espaço social.

Sabemos que a realidade conclamada pela Revolução Francesa não era essa. Pelo contrário, de acordo com Birman (2001), as consequências irrefutáveis da lógica da igualdade de direitos não se transformou em normas sociais que legitimassem a igualdade de condições entre os sexos e os gêneros. Foram necessários quase dois séculos para que as normas sociais resultantes da Revolução Francesa conferissem igualdade de direitos entre homens e mulheres, não tendo mais lugar o modelo do sexo único surgido na antiguidade greco-romana.

A concepção das diferenças entre os sexos marcada no corpo justificava, assim, as desigualdades políticas entre homens e mulheres, desigualdades essas que só viriam a diminuir com o advento da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, de modo geral, e, mais especificamente, com as reivindicações dos movimentos de minorias sociais iniciados na década de 60, como, por exemplo, o movimento feminista."
 
(Sergio Gomes da Silva)
 
2º Texto de apoio para temática de redação ENEM:

"O par sexo/gênero foi um dos pontos de partida fundamentais (talvez fosse melhor dizer fundacionais) da política feminista. O desmonte da concepção de gênero seria o desmonte de uma equação na qual o gênero seria concebido como o sentido, a essência, a substância, categorias que só funcionariam dentro da metafísica que Butler também questionou. Assim como Derrida desmontou a estrutura binária significante/significado e a unidade do signo, e fez com isso uma crítica à metafísica e às filosofias do sujeito, Butler desmontou dualidade sexo/gênero e fez uma crítica ao feminismo como categoria que só poderia funcionar dentro do humanismo. Para refletir sobre os efeitos dessa desconstrução, é fundamental entender desconstrução não como desmonte ou destruição.

Repensar teoricamente a "identidade definida" das mulheres como categoria a ser defendida e emancipada no movimento feminista parece ter sido a principal tarefa de Butler. O problema que ela apontou foi o da inexistência desse sujeito que o feminismo quer representar. Esse era um debate acadêmico preexistente no qual Butler se inseriu como uma das pensadoras que, de alguma forma, radicalizou aquilo que a teoria feminista já problematizava. Nessa discussão sobre a identidade das mulheres que Butler reconhecia já estar posta – o livro é de 1990 – a filósofa acrescentou a crítica ao modelo binário, que foi fundamental na discussão que a autora levantou a respeito da distinção sexo/gênero.

O conceito de gênero como culturamente construído, distinto do de sexo, como naturalmente adquirido, formaram o par sobre o qual as teorias feministas inicialmente se basearam para defender perspectivas "desnaturalizadoras" sob as quais se dava, no senso comum, a associação do feminino com fragilidade ou submissão, e que até hoje servem para justificar preconceitos.4 O principal embate de Butler foi com a premissa na qual se origina a distinção sexo/gênero: sexo é natural e gênero é construído. O que Butler afirmou foi que, "nesse caso, não a biologia, mas a cultura se torna o destino" (p. 26). Para a contestação dessas características ditas naturalmente femininas, o par sexo/gênero serviu às teorias feministas até meados da década de 1980, quando começou a ser questionado."
 
(Carla Rodrigues)

 
1º Texto de apoio para tema de redação UPE:

"A autora se foca na dicotomia mente/corpo, nos esclarecendo que o primeiro termo é o privilegiado e “corpo” é o outro, que o termo primário expulsa para manter sua “integridade”, a identidade para si mesmo. Especificamente essa dicotomia, critica a autora, se relacionou com outros pares de oposição, como razão/paixão, sensatez/sensibilidade, fora/dentro, transcendência/imanência, forma/matéria, entre tantos outros, onde tudo o que se associa lateralmente com o “corpo” é definido em termos não-históricos, naturalistas, organicistas, passivos, enfim, termos que são eles próprios tradicionalmente desvalorizados. O mais relevante para a autora é a correlação e associação com a oposição entre macho (mente) e fêmea (corpo).

Nesse sentido, Butler (2008, p. 32) também nos argumenta que: 'Na tradição filosófica que se inicia em Platão e continua em Descartes, Husserl e Sartre, a distinção ontológica entre corpo e alma (consciência, mente) sustenta, invariavelmente, relações de subordinação e hierarquia políticas e psíquicas”. Ela continua: “As associações culturais entre mente e masculinidade, por um lado, e corpo e feminilidade, por outro, são bem documentadas nos campos da filosofia e do feminismo'."
 
 
 
2º Texto de apoio para temática de redação UPE:


"O corpo — o que comemos, como nos vestimos, os rituais diários através dos quais cuidamos dele — é um agente da cultura. Como defende a antropóloga Mary Douglas, ele é uma poderosa forma simbólica, uma superfície na qual as normas centrais, as hierarquias e até os comprometimentos metafísicos de uma cultura são inscritos e assim reforçados através da linguagem corporal concreta. O corpo também pode funcionar como uma metáfora da cultura. Em autores tão diversos como Platão, Hobbes ou a feminista francesa Luce Irigaray, uma imagem mental da morfologia corporal tem fornecido um esquema para o diagnóstico e/ou visão da vida social e política. 

O corpo não é apenas um texto da cultura. É também, como sustentam o antropólogo Pierre Bourdieu e o filósofo Michel Foucault, entre outros, um lugar prático direto de controle social. De forma banal, através das maneiras à mesa e dos hábitos de higiene, de rotinas, normas e práticas aparentemente triviais, convertidas em atividades automáticas e habituais, a cultura "se faz corpo", como coloca Bourdieu. Assim, ela é colocada "além do alcance da consciência... [inatingível] por transformação voluntária, deliberada" (1977:94). Nossos princípios políticos conscientes, nossos engajamentos sociais, nossos esforços de mudança podem ser solapados e traídos pela vida de nossos corpos — não o corpo instintivo e desejante concebido por Platão, Santo Agostinho e Freud, mas o corpo dócil e regulado, colocado a serviço das normas da vida cultural e habituado às mesmas."
 
(Allison Jaggar e Susan Bordo)
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QUARTA SESSÃO CineDoc


Em nossa quarta sessão CineDoc assistimos ao Filme Zona do Crime (La Zona) de Rodrigo Plá.
Trailer: Zona do Crime

1º Texto de apoio para proposta de redação ENEM

Não podemos deixar de fora desse estudo à questão do Espaço, pois toda e qualquer Expressão Identitária é realizada em um Espaço, seja este o mais simplório ou o mais sofisticado, seja na presença de conhecidos ou desconhecidos. A compreensão sobre Espaço passa por três conceituações: Espaço Absoluto, Espaço Relativo e Espaço Relacional. O Espaço Absoluto é uma área mensurável, um espaço em sim mesmo, como representado pelo senso comum; ou seja, é apenas um espaço qualquer. O segundo espaço, o Relativo, é concebido enquanto espaço formado por objetos palpáveis que se relacionam, é interativo e influenciável. O Espaço Relacional é o espaço pertencente a cada objeto, é o espaço das ideias, o espaço metafísico que cada objeto produz mediante relação com outros objetos. Essa conceituação filosófica sobre o Espaço nos leva a outros dois conceitos, e esses são os que mais interessam: Representação do Espaço e Espaço de Representação são como demais vetores já trabalhados, são ambivalentes.

Os sujeitos sociais (indivíduos e grupos) criam Imagens sobre outros sujeitos sociais com o intuito de classificar tais enquanto seus semelhantes, ou se for o caso, seus dessemelhantes. Tais imagens são entendidas enquanto reflexos das subjetividades dos sujeitos sociais, ou seja, são Representações dos Espaços. Os Espaços representados mediante criação das Imagens são os Espaços Relacionais, ou seja, o metafísico, o Espaço ideal dos sujeitos sociais. Quando os sujeitos sociais criam essas imagens, que são apenas reflexos, interpretações das subjetividades alheias, é sinal de que está havendo uma interação, e essa se dá em um Espaço, num Espaço de Representação. Os sujeitos sociais não apenas criam Imagens dos seus semelhantes como também, e obviamente, criam suas próprias Imagens, sendo estas tão singulares quanto à história de vida de cada um. Porém tais imagens tornam-se múltiplas quando postas em mesa por outros sujeitos, pois variam de acordo com a posição e com a história de vida de cada um, sendo essa sempre singular. Enfim, o embate entre os vetores Representação do Espaço (Imagens concebidas) e Espaço de Representação (Imagens vividas) influi significativamente no Processo de Identificação.

(Vinicius Gomes de Oliveira)

2º Texto de apoio para proposta de redação ENEM.

"A formação de identidades – sejam elas culturais, territoriais ou visuais – está  enraizada no contexto social, coletivo e histórico de cada localidade. É um processo de produção simbólica e discursiva, que busca  realçar as características e valores próprios de cada lugar, em contraposição aos elementos representativos de outras culturas. Como mencionado, são essas identidades que dão personalidade aos lugares dentro de um contexto global. 
A construção de uma identidade territorial é algo complexo e que envolve vários fatores, mudando a cada realidade. Na tentativa de criar uma imagem forte na mente das pessoas, várias cidades investem no que tem de mais característico, diferenciado e atrativo, como elementos de visibilidade, partindo sempre da idéia de Castells de que toda identidade é construída e, da necessidade dos lugares em desenvolver uma imagem que os diferencie dos demais. Sendo assim, podem-se citar diversos elementos que contribuem para a construção de uma identidade territorial, como por exemplo:

- A Arquitetura, que segue sendo um dos principais elementos que ajudam a deixar um  lugar marcado na memória das pessoas. Serve como exemplo o Museu Guggenheim em Bilbao, o Teatro de Ópera de Sidney, o estádio de futebol Ninho de Pássaro em Pequim, o Parlamento de Londres, o Museu do Louvre em Paris, o Coliseu em Roma e a Torre de Pisa, além da nova cidade de Dubai.

- Os Monumentos que, além de servirem de referência mundial, se tornam marcos históricos de uma determinada época. Pode-se citar os mais conhecidos da atualidade: Torre Eiffel em Paris, Estátua da Liberdade em Nova Iorque, o Cristo Redentor no Rio de Janeiro e a Muralha da China.

- As Indumentárias, que muitas vezes estão relacionadas com os aspectos culturais de uma sociedade. É o caso dos chapéus mexicanos, das túnicas árabes, do kilt escocês, da multiplicidade de cores nas roupas africanas, dos trajes gaúchos da época da revolução e das vestes dos toureiros espanhóis.

- O mobiliário urbano que cria nas cidades uma identidade marcante que será reproduzida através de fotos, vídeos, filmes e documentários. Como os telefones públicos de Londres, os calçadões de Copacabana no Rio, as paradas de ônibus em forma de tubo de Curitiba e as luminárias do bairro da Liberdade em São Paulo."
(Fabrício Tarouco e Paulo Reyes)

 
1º Texto de apoio para temática de redação UPE:
  
Muitos receiam a liberdade por temor a tirania, pois acredita-se que, por pior que sejam vossos lideres, é melhor possuir migalhas do que não ter posse de nada. O poder só é imposto em nome do bem-estar de quem impõem, isto é, criar um paraiso ilusório e uma ideia de falsa liberdade para cegar e controlar seus subordinados.

O livre arbitrio assusta a sociedade, sociedade está que necessita ser ludibriada, que anseia por diversão e noticias dramaticas, apenas para agradecer pela O amanhã é inimigo do conformismo que nos assombra. O medo de sucumbir no imprevisivel oculta a certeza de que irá sucumbir no previsto. A liberdade coletiva pode ser boa ou má, torna-se má quando fere o individualismo do ser, quando tira dele a liberdade de agir e se expressar como bem entender, tornando-o apenas parte de uma grande massa. Liberdade massiva não é liberdade, é apenas um grupo de pessoas trabalhando e construindo, muitas vezes o trabalho é realizado contra a vontade do individuo que o executa. Nesse caso, ninguem é dono do que produz e a liberdade passa a focar na massa e não no homem.

Todos precisamos uns dos outros, isso pode ser observado na natureza, onde os animais precisam uns dos outros para sobreviver, procriar e manter a ordem no ecossistema. A vontade de cada um precisa ser respeitada, é preciso solidariedade e união mutua, caso contrário, a liberdade torna-se escravidão.
 
(Luiza Sama)
 
2º Texto de apoio para temática UPE:
 
"Quando numa sociedade as relações entre os sujeitos parecem mais uma relação entre propriedade e proprietário, objeto e possuidor do objeto, como acontecia em sociedades do período medieval, por exemplo, (Sr. feudal e seus servos) dizemos que a Solidariedade Social é Mecânica. Juntemos então os fatos: dependência mútua entre grupos e membros, Relações Sociais que estes estabelecem para fins comuns e, a Moral que regula essas relações estabelecidas, com o poder absoluto e centralizador do Sr. Feudal, que por isso torna-se a autoridade Moral e assim regula as Relações Sociais em seu feudo de acordo com seus interesses. Como o feudo era uma área relativamente pequena, se levarmos em consideração a dimensão dos centros urbanos de hoje, e o Sr. Feudal, ou Moral, regulava as relações, tornando o feudo um todo e/ou corpo social homogêneo no qual os sujeitos se relacionavam devido as semelhanças entre eles, pois não existia nesse período histórico espaço suficiente para que os sujeitos desenvolvessem suas individualidades, justamente por que o Sr. Moral, ou Sr. Feudal, estancava essas para evitar dessemelhanças em seu território. Em suma, essa sequência de Fatos Sociais relacionados entre si e com os sujeitos fazem da Solidariedade Social, àquela época, uma forma de adesão consensual Mecânica."
 
(Vinicius Gomes de Oliveira)
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TERCEIRA SESSÃO CineDoc


Em nossa terceira Sessão CineDoc assistimos ao Filme KINSEY - Vamos falar de Sexo, de Bill Condon.

Trailer: Kinsey - Vamos falar de sexo


1º Texto de apoio para a proposta de redação ENEM


"A escola, em sua função social, caracteriza-se como um espaço democrático que deve oportunizar a discussão de questões sociais e possibilitar o desenvolvimento do pensamento crítico. Para isso, faz-se necessário que o (a) professor (a) traga informações e contextualize-as, além de contribuir, oferecendo caminhos para que o (a) discente adquira mais conhecimentos. É também um ambiente de sociabilidade entre as crianças, o que acarreta na difusão sócio-cultural, incluindo as relações de gênero.

A partir da compreensão sobre as diferenças corporais e sexuais, culturalmente se cria na sociedade, idéias e valores sobre o que é ser homem ou mulher. Esta diferenciação se denomina representações de gênero. Desse modo, as questões de gênero encontram-se diretamente relacionada à forma como as pessoas concebem os diferentes papéis sociais e comportamentais relacionados aos homens e às mulheres, estabelecendo padrões fixos daquilo que é “próprio” para o feminino bem como para o masculino, de forma a reproduzir regras como se fosse um comportamento natural do ser humano, originando condutas e modos únicos de se viver sua natureza sexual. Isso significa que as questões de gênero têm ligação direta com a disposição social de valores, desejos e comportamentos no que tange à sexualidade.

Nesse sentido, a escola tem um papel fundamental na desmistificação destas diferenças, além de ser um importante instrumento na construção de valores e atitudes, que permitam um olhar mais crítico e reflexivo sobre as identidades de gênero, ao invés de ser um lugar de práticas de desigualdades e de produção de preconceitos e discriminações como destaca Louro (1997, p. 57):

'Diferenças, distinções, desigualdades... A escola entende disso. Na verdade, a escola produz isso. Desde seus inícios, a instituição escolar exerceu uma ação distintiva. Ela se incumbiu de separar os sujeitos — tornando aqueles que nela entravam distintos dos outros, os que a ela não tinham acesso. Ela dividiu também, internamente, os que lá estavam, através de múltiplos mecanismos de classificação, ordenamento, hierarquização'.".

(Valéria Santos)

2º Texto de apoio para a proposta de redação ENEM

"Os estudos de gênero são uma das consequências das lutas libertárias dos anos 60,mais particularmente dos movimentos sociais de 1968: as revoltas estudantis de maio em Paris, a primavera de Praga na  Tchecoslováquia, os black panters, o movimento hippie e as lutas contra a guerra do Vietnã nos EUA, a luta contra a ditadura militar no Brasil. Todos esses movimentos lutavam por uma vida melhor, mais justa e igualitária, e é justamente no bojo destes movimentos "libertários" que vamos identificar um momentochave para o surgimento da problemática de gênero, quando as mulheres que deles participavam perceberam que, apesar de militarem em pé de igualdade com os homens, tinham nestes movimentos um papel secundário. Raramente elas eram chamadas a assumir a liderança política: quando se tratava de falar em público ou de se escolher alguém como representante do grupo, elas sempre eram esquecidas, e cabia-lhes, em geral, o papel de secretárias e de ajudantes de tarefas consideradas menos nobres, como fazer faixas ou panfletear.

Paralelamente a essas lutas, os anos 60 constituem um período de grande questionamento da sexualidade: a pílula anticoncepcional passa a ser comercializada, a  virgindade enquanto valor essencial das mulheres para o casamento começa a ser amplamente questionada, e se começa a pensar mais coletivamente, no Ocidente, que o sexo poderia ser fonte de prazer e não apenas destinado à reprodução da espécie humana. Entre os inúmeros movimentos sociais que despontam neste período, dois nos interessam particularmente, o movimento feminista e o movimento gay, porque ambos vão questionar as relações afetivo-sexuais no âmbito das relações íntimas do espaço privado. As lutas destes movimentos vão refletir-se no campo acadêmico por vários fatores: primeiro porque a Universidade é um lugar de produção de conhecimento fortemente  influenciada pelas lutas sociais; e segundo porque muitas das estudantes (e algumas professoras) que participaram destas lutas percebem que não existem respostas a inúmeros questionamentos destes movimentos sociais, de maneira que se inicia um movimento, no interior de diferentes disciplinas, em busca de se encontrar o lugar das mulheres, até então invisível.

(Miriam Grossi)

1º Texto de apoio para proposta de redação UPE

"O conhecimento científico, em termos de pressupostos, não é algo linear. Ele tem fundamentos que mudam conforme o contexto histórico. Tais fundamentos são analisados pela Filosofia da Ciência.

Definir o que vem a ser conhecimento científico é controverso. Tal controvérsia se relaciona com o objetivo do presente escrito que é, em linhas gerais, colocar em discussão a questão do que é, propriamente, o fundamento do conhecimento científico. Para tanto, observa-se que o problema mais específico do conhecimento científico tem sido objeto de investigação da Filosofia da Ciência."

                                                               (Elnora Gondim & Osvaldino Rodrigues)


2º Texto de apoio para proposta de redação da UPE

"Quando se fala em “Filosofia da Ciência”, nada mais plausível do que tal conteúdo ser relacionado a uma forma de abordagem que considera o conhecimento científico como um tipo de saber histórico, ou seja, seu percurso ocorre por meio de rupturas e continuidades epistemológicas. Pode-se compreender como ruptura 
epistemológica tanto uma descontinuidade no desenvolvimento histórico dos saberes como, também, algo que ocorre pelo fato de uma inadequação entre o senso comum e o conhecimento científico. Assim sendo, quando há uma ruptura entre determinadas épocas pertinentes ao conhecimento científico, é decorrência de algum saber deste tipo ser, em ampla medida, substituído por uma nova epistemologia que emerge do quadro conceitual anterior e adquire status de validade nos meios da ciência. Cabe ressaltar que nada em ciência ocorre de salto ou com rupturas radicais: sempre há algo que muda e algo que permanece. Para que uma nova proposta epistêmico-metodológica seja aceita na comunidade científica, é necessário que algo seja rompido, ou seja, deve ocorrer um corte, isto é, uma ruptura com determinadas teorias que se cristalizam sob a forma de conhecimento não questionado, gerando uma espécie de “obstáculo epistemológico”. Este, por sua vez, também emergiu como novidade no âmbito da epistemologia. No entanto, ao ser reconhecido como paradigma teórico dominante, tornou-se, paulatinamente, um obstáculo ao desenvolvimento das ciências. Sob essa ótica, é fundamental que se faça uma análise e uma crítica da história dos pressupostos teóricos das ciências como forma de identificar os seus paradigmas conceituais em suas etapas mais diversas como, também, os obstáculos epistemológicos que foram surgindo no percurso histórico do conhecimento científico. Para tal função nada mais apropriado do que um conteúdo denominado “Filosofia da Ciência”, porquanto o papel do filosofar é o re-fletir, re-pensar sobre aspectos já existentes e aceitos como ‘naturais’."

                                                            (Elnora Gondim & Osvaldino Rodrigues)
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SEGUNDA SESSÃO CineDoc

Em nossa segunda Sessão CineDoc assistimos ao Filme INSTINTO de Jon Turteltaub.

Trailer: INSTINTO

1º Texto de apoio para a proposta de redação ENEM

A prefeitura do Rio de Janeiro age de forma ilegal desde a última terça-feira, quando tiveram início as internações compulsórias dos usuários de crack, uma vez que não possui centros de atendimento especializados suficientes para o tratamento dos dependentes. Esta é a opinião do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ), que, após reunião com as secretarias municipais de Saúde e Assistência Social, fez uma série de recomendações documentadas a fim de aprimorar a questão de saúde pública no município.

"A prefeitura age fora da lei quando ela não tem o número correto de Caps (Centros de Atendimento Psicossocial) e unidades de atendimento especializado para estas operações", explicou a promotora de Justiça, da Saúde e Cidadania, Anabelle Macedo Silva. "Não houve recomendação para que as operações parem, e sim, que haja a ampliação da rede de saúde", complementou.

2º Texto de apoio para a proposta da redação ENEM
Drogas como o crack agem de maneira tão agressiva no corpo do usuário que não permitem que ele entenda a gravidade de sua situação e o quanto seu comportamento pode ser nocivo para ele mesmo e para os outros. Foi com base nessa ideia que o deputado federal Eduardo Da Fonte (PP-PE) apresentou em março deste ano uma proposta de política pública que prevê a internação compulsória temporária de dependentes químicos segundo indicação médica após o paciente passar por avaliação com profissionais da saúde. A internação contra a vontade do paciente está prevista no Código Civil desde 2001, pela Lei da Reforma Psiquiátrica 10.216, mas a novidade agora é que o procedimento seja adotado não caso a caso, mas como uma política de saúde pública – o que vem causando polêmica. Aqueles que se colocam a favor do projeto argumentam que um em cada dois dependentes químicos apresenta algum transtorno mental, sendo o mais comum a depressão. A base são estudos americanos como o do Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH, na sigla em inglês), de 2005. Mas vários médicos, psicólogos e instituições como os Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs), contrários à solução, contestam esses dados.

Os defensores da internação compulsória afirmam que o consumo de drogas aumentou no país inteiro e são poucos os resultados das ações de prevenção ao uso. A proposta tem o apoio do ministro da Saúde Alexandre Padilha, que acredita que profissionais da saúde poderão avaliar adultos e crianças dependentes químicos para colocá-los em unidades adequadas de tratamento, mesmo contra a vontade dessas pessoas. O ministro acrescenta que a medida já é praticada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O Conselho Federal de Medicina (CFM) também é a favor da medida. Durante a reunião de apresentação do relatório de políticas sociais para dependentes de drogas, o representante do CFM Emmanuel Fortes corroborou a proposta de internação compulsória nos casos em que há risco de morte, ressaltando que a medida já é praticada no país.

1º Texto de apoio para a proposta de redação UPE

Ser Real quer Dizer não Estar Dentro de Mim

Seja o que for que esteja no centro do Mundo,
Deu-me o mundo exterior por exemplo de Realidade,
E quando digo "isto é real", mesmo de um sentimento,
Vejo-o sem querer em um espaço qualquer exterior,
Vejo-o com uma visão qualquer fora e alheio a mim.

Ser real quer dizer não estar dentro de mim.
Da minha pessoa de dentro não tenho noção de realidade.
Sei que o mundo existe, mas não sei se existo.
Estou mais certo da existência da minha casa branca
Do que da existência interior do dono da casa branca.
Creio mais no meu corpo do que na minha alma,
Porque o meu corpo apresenta-se no meio da realidade.
Podendo ser visto por outros,
Podendo tocar em outros,
Podendo sentar-se e estar de pé,
Mas a minha alma só pode ser definida por termos de fora.
Existe para mim — nos momentos em que julgo que efetivamente
existe —

Por um empréstimo da realidade exterior do Mundo

Se a alma é mais real
Que o mundo exterior como tu, filósofos, dizes,
Para que é que o mundo exterior me foi dado como tipo da realidade"

2º Texto de apoio para proposta de redação UPE

É também muito antiga a idéia de que todo este imenso real se traduz de diversas formas porque além do objeto há o sujeito que conhece. Consciência e mundo se apresentam imediatamente, e logo notamos, neste mesmo ato, que não compreendemos a totalidade do real, que somos apenas parte dele. No abrir de cortinas da consciência, a nossa primeira evidência é esta; a de que o mundo não é um bloco uno e monolítico, mas algo que se reparte, que secciona-se em diversas determinações. Em outras palavras, há uma primeira evidência que diz ao homem que há algo, e uma segunda evidência que lhe diz que ele não é esse algo, mas que participa dele. Acabamos por sentir que por detrás de todo esse espetáculo do real há um fundo, um palco a lhe sustentar. Dividimos todos, nós e os outros seres com os quais interagimos, uma mesma base. O Absoluto se nos escapa, mas permanece ali, aqui, em toda a parte. Como diz Mário, por mais que tudo mude, algo é que muda, e quando buscamos entender a realidade, só pode ser sobre esse algo que jogamos as luzes de nossas consciências.
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PRIMEIRA SESSÃO CineDoc

Em nossa primeira sessão assistimos ao filme "Poder além da vida" (título original: "peaceful warrior") de Vítor Salva e Shalimar Reodica.

Trailer: Poder Além da Vida

Texto de apoio para a proposta de redação ENEM:

O varredor de rua que se preocupa em limpar o canal de escoamento de água da chuva, o auxiliar de almoxarifado que verifica se não há umidade no local destinado para colocar caixas de alimentos, o médico cirurgião que confere as suturas nos tecidos internos antes de completar a cirurgia, a atendente do asilo que se preocupa com a limpeza de uma senhora idosa após ir ao banheiro, o contador que impede uma fraude ou desfalque, ou que não maquia o balanço de uma empresa, o engenheiro que utiliza o material mais indicado para a construção de uma ponte, todos estão agindo de forma eticamente correta em suas profissões, ao fazerem o que não é visto, ao fazerem aquilo que, alguém descobrindo, não saberá quem fez, mas que estão preocupados, mais do que com os deveres profissionais, com as PESSOAS.

As leis de cada profissão são elaboradas com o objetivo de proteger os profissionais, a categoria como um todo e as pessoas que dependem daquele profissional, mas há muitos aspectos não previstos especificamente e que fazem parte do comprometimento do profissional em ser eticamente correto, aquele que, independente de receber elogios, faz A COISA CERTA.

(Rosana Glock e José  Goldin)

Texto de apoio para a proposta de redação UPE:

"É inquietante pensar em nós mesmos sem adicionar adjetivos, sem dizer “eu sou bonito”, “eu sou infeliz”, “eu sou inteligente”, “eu sou casado e tenho dois filhos”, “eu sou advogado”. Mas esse é o objetivo..."

([adaptado] Anderson Allegro)

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