Vinicius Gomes de Oliveira
Uma notícia um tanto batida, que pude ter acesso através do sítio www.diariopernambucano.com.br, discorrendo sobre as obras na Avenida Agamenon Magalhães, pertencentes ao plano de mobilidade urbana do Recife e consequentemente, ou devido, ao atendimento das demandas infraestruturais para a copa do mundo de futebol da FIFA, me causaram uma certa pertubação e desejo de reclamar (salve Raul Seixas).
Tal obra está orçada em R$ 910 milhões, segundo o "Diário Pernambucano", por isto anseio junto a muitos cidadãos recifenses que esse valor não seja queimado num projeto semelhante ao da Avenida Conde da Boa Vista, mais conhecido como projeto de higienização social do centro do Recife. Neste, a cada dia passado, fica mais visível o intuito de segregar os periféricos socioeconômicos de seus contrários, os centrais (sem papas na língua ficaria: separar o espaço do pobre e do rico). Talvez por isso não há orçamento participativo nesses projetos.
Seria bastante interessante uma abertura, ou melhor, a efetivação de um orçamento participativo no tocante à realização das obras voltadas para o projeto de mobilidade urbana do Recife, assim como para a copa do mundo. Como não existe a questionável participação popular nestes projetos multimilionários, talvez por que o desejo dos nossos representantes seja que o povo só opine na construção de muros de arrimo, escadarias, creches e demais coisas pertinentes ao universo periférico, neste caso da RMR, é urgente a realização de críticas.
Me perdoem os caroneiros panfletários, mas não vou falar sobre gestão partidária, eficiência e eficácia, corrupção, ou quem faria mais e melhor. O que desejo por em pauta é uma discussão indesejada por quem participa da gestão dos negócios públicos e privados, seja essa o modelo de democracia representativa insuportável à sociedade civil, mas que alimenta nossa elite medonha e quem deseja entrar nesta categoria.
Votar no deputado "X" da legenda "Y", no senador "A" da legenda "B", é para muitos, ou milhões, o único exercício democrático participativo. Apesar disso todos são cidadãos, pois atráves do trabalho diário dão vida e significado as cidades, as metrópoles, as megalópoles. Entretanto praticam, ou praticamos, uma cidadania cega, despolitizada simplismente pelo fato de estarmos longe das cúpulas decisórias, por estarmos sendo representados por sujeitos que lucram com nossa ausência, com nossa impotência.
Por ora, ficarei por aqui. Não pretendo desenvolver um pensamento exaustivo, refinado, rebuscado, pomposo, digno de elogios. É pra ser um desabafo de um sujeito que se indignou com um fato e sentiu a necessidade de reclamar, pra quem sabe um dia alguem contribuir, e assim realizar um humilde debate que nos leve para as ruas e transforme posts em práxis.
Texto de Vinicius Gomes de Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário